quarta-feira, março 31, 2004

MENINAS E MENINO:

Barda, eu tenho o AVG e foi ele quem detectou os virus. O problema é que ele não consegue fazer alguma coisa com eles, diz que não pode, e os bichos continuam listados lá.E, quando ele faz aquela varredura primeira, logo que se abre o micro, não consta nada. Diz que não tem vírus. O computafor está se comportando normalmente. É assim mesmo? Pra formatar o disco teria que ter um outro HD com no mínimo 20 gigas! Não dá. Morro de medo de formatar e perder minhas coisinhas.
Se eles estão listados lá, e o AVG diz que não tem vírus, posso ficar tranqüila? Meio tranqüila?

�urea, não se sinta assim, pelamordideus! Não tem culpa nenhuma. A culpa é da anta aqui que não sabe distinguir um e-mail bomba.

Ginikinha, eu tinha baixado un anti farwell (é assim mesmo?)que cê me tinha indicado, mas como não entendia a língua dele mandei pro saco. :)

Cesar, vou baixar esse negócio aí e tentar entender.

Teca, cê já ajudou, acionando a barda.:)

terça-feira, março 30, 2004

AVISO

Recebi um e-mail supostamente de alguém conhecido e tinha um arquivo exe. Nunca abro anexos, mas, burramente, cliquei neste. Foi o bastante. O antivirus detectou mas não conseguiu eliminar. Nem o teste do Symantec consigo fazer. Se alguém souber como me livro do warm/Bagle.U, do Warm/netsky.B, Trojan horse Droper Mute.A, Start Page EM, Worm/Ops.K , Win32/funlove e JSfortnight e um negócio chamado Dialer, please, me ajudem. Está tudo aqui no meu computador!
E, à propósito, este artigo é velho, mas ainda faz sentido, acho.

Dez mandamentos para se defender dos vírus de e-mail
FRANCISCO MADUREIRA
Coordenador de Informática
da Folha Online

O e-mail substituiu de longe o disquete na transmissão dos vírus de computador. Segundo pesquisa do Icsa Labs realizada com 300 empresas dos Estados Unidos com mais de 500 PCs, as infecções por arquivos anexados ao correio eletrônico chegam a 87% dos casos.

Para se proteger dessas pragas virtuais, além de um bom antivírus (sempre atualizado!), é preciso ter bom senso e seguir alguns mandamentos para evitar a contaminação:

1º MANDAMENTO
Não abrirás arquivos anexos enviados por pessoas desconhecidas. Principalmente se a mensagem tratar de pornografia ou vantagens financeiras. Simplesmente apagarás a mensagem.

2º MANDAMENTO
Se não souberes do que se trata o anexo, não o abra. Mesmo que o e-mail seja de uma pessoa conhecida.

3º MANDAMENTO
Assunto e remetente também ajudam a identificar vírus. Se chegar um e-mail de alguém famoso ou com um título engraçado, cuidado: vírus à vista. (Lembra que o remetente do vírus Branca de Neve Pornô é o Hahaha!). Atentarás também para os e-mails sem remetente ou sem assunto. Os vermes modernos podem atacar-te ao abrir uma mensagem, sem que abras um anexo.

4º MANDAMENTO
Deletarás as correntes e e-mails indesejados (spam). Não encaminharás nem responderás a nenhum desses e-mails _ao pedir que um spammer tire teu endereço da lista, tu só fazes confirmar teu endereço para ele.

5º MANDAMENTO
Atualizarás sempre seu antivírus. Cerca de 200 novos vírus são descobertos todo mês.

6º MANDAMENTO
Farás backup de todos os seus arquivos, e manterás os discos atualizados para não perder informações. Assim, há como recuperar os dados caso um desastre aconteça. Se não podes (ou não queres) investir em um gravador de CDs, aproveita a queda do preço dos disquetes... :-)

7º MANDAMENTO
Só farás downloads de sites confiáveis. Caso seja necessário baixá-lo, gravarás o arquivo em um disquete e, então, passarás o antivírus.

8º MANDAMENTO
NUNCA abrirás arquivos anexos que tenham as extensões PIF ou VBS, e terás precaução redobrada com os EXE ou COM. Esses arquivos são, na verdade, rotinas que descarregam o vírus em teu computador. Apaguarás o e-mail imediatamente, mesmo que o anexo tenha outra extensão (por exemplo: nome.jpg.pif).

9º MANDAMENTO
Assim que receberes um e-mail que pareça infectado, procura avisar os remetentes dos e-mails imediatamente anteriores, para que eles chequem seus sistemas e parem de ficar enviando essas bombas virtuais!

10º MANDAMENTO
Bom senso tem atualização mais rápida que antivírus. Precaução: apagarás as mensagens estranhas e não deixarás a curiosidade te vencer. Basta pensar no trabalho que dará recuperar arquivos, perder outros, redigitar textos, formatar o disco rígido...

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apideite _ A pedido da �urea do Assim é se lhe Parece : o e-mail bomba veio com o endereço dela e ela pede que se alguém receber um e-mail dela com atach, que delete sem abrir. Há no Blog dela um aviso neste sentido.

segunda-feira, março 29, 2004

SANTA PACIÊNCIA!
Alguma coisa está muito errada. Não sou a mesma. Pelo menos não hoje. Eu, que não sei falar não, que faço salamaleques até para o cãozinho que acompanha quem me enche o saco, atendi a porta quase gritando:
-Que foi?
-É com você mesma que eu quero falar.
Era um sujeito que nunca vi na vida, mas pelo tom de voz e pelo sorriso imbecil eu tive certeza de que me conhecia de algum lugar.
-Queria que você olhasse aí na internet o prontuário de um amigo meu...
-Ai, meu saco! – desta vez só pensei e olhei com cara de poucos amigos para o chato. Não me pergunte como sei que era um chato. Essas coisas eu sinto pelo cheiro. E que cheiro! O sujeito fedia, fedia a chucrute.
- Não sei se existe isso não... entra aí. –Saí na frente marchando sem olhar para trás, como um soldado da gestapo.
- Pode falar.
- O número é, patati patatá.
Digitei o raio do número, com impaciência.
- Não existe.
- Como não existe?
- Não existe este número. Tá vendo aí? – Espetei o monitor com o dedo.
- Mas... é este o número.
Levantei-me da cadeira. Ele desistiu e caminhou para a porta.
-Vou conferir o número e volto pra te amolar mais um pouco.
-E vou te cobrar caro por isto. – E eu não ri! Mas ele riu, achou que eu estava brincando. Continuei com a cara de buldogue e antes que ele saísse, falei:
-São 20,00. Pode me pagar na volta.
Ele ainda riu meio sem graça e disparou porta afora. Agora estou aqui me sentindo meio estranha. Estranhamente normal.
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Não sei porque ele não voltou.
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Já fiz uma dezena de declarações de imposto de renda nos últimos dias, perco o tempo que não tenho procurando extratos de multas no Detran, faço anúncios para cãezinhos perdidos e ainda tenho que consolar o dono que não se intimida e enche os olhinhos de lágrimas, crio logomarcas, coisinha simples, só pra compor... ah! Tenha a santa paciência! E tudo porque não sei falar não. Não sabia. Porque aprendi com o imbecil com cheiro de chucrute. E gostei muito. Mas o cheiro dele continua aqui, pregado, me torturando. Deve ser culpa...
Saco!

domingo, março 28, 2004

UM "BOUQUET DE SOLEIS" ...
Aniversário para mim é melhor que Natal, Ano Novo, Carnaval. Desde pequena tenho a impressão de que este dia é meu, que tenho todos os direitos, que posso não fazer as coisas que, por obrigação, tenho que fazer nos outros dias do ano. Quase me sinto livre. Meio infantil? Ainda sou meio infantil. “Você não passa de uma menina. A mais menina de todas as mulheres que conheci�. Foi Kafka quem disse isto, não para mim , é claro, mas na hora foi como se fosse. Pretensiosa? Fui. Tantas vezes fui!

Um dia em que todas as pessoas que me amam vão se lembrar de que me amam e me dizer isto. A maioria diz, outras se esquecem. Hoje mais freqüentemente que antes. É que se passaram muitos anos desde então.
-É hoje, o seu aniversário?
Esta pergunta me foi feita ontem. Não era o meu aniversário. Olhei-o com raiva.
-O mínimo que você pode fazer por alguém é se lembrar do dia do seu aniversário.

Virei as costas e fui abrir a caixa que acabara de receber. Uma caixa colorida e com um laço dourado. Dentro da caixa tinha Kafka, Kafka! E “Les paraplues d’amour�! O filme que me fez desejar me casar grávida, vestida de noiva, quando eu ainda acreditava em quase tudo. E, o melhor de tudo, o que me deu a certeza absoluta da delicadeza dos sentimentos de quem me mandara aquela caixa de surpresas: Angélika! Não a que eu li na minha adolescência, mas a extrema e delicada intenção de quem procurou nos sebos, o meu desejo. Ela leu num post, num post antigo, a vontade que tinha de reencontrar aquele livro da minha meninice e procurou. Eu ria e chorava, sozinha, cheirando os livros, lendo o cartão. “Um bouquet de soleils para você...�

Ah! Tereza! Perdoe-me tornar pública a sua delicadeza. Nem sei se me perdoará por isto, mas é assim que sei dizer o quanto me fez feliz num dia que poderia ser igual aos outros, tão igual que no fim dele, eu talvez chorasse de saudade de outros aniversários.

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apideite: escolhi esta foto acima para colocar junto com o cartão da Tê, porque é de um dos dias em que me lembro de estar particularmente feliz. Foi há 5 anos. A Consul, o Paulo e eu.

quinta-feira, março 25, 2004

IMPRESSÃO FESTIVA,(e irresponsável) NADA INTELECTUAL, SOBRE O GOLPE DE 64

Foto histórica - o indicado com a seta é o meu namorado, depois marido, numa correria na Av. Afonso Pena, daquelas que dispersavam uma passeata.
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É insuportável ouvir jornalistas com menos de 40 anos falar sobre 64. E historiadores também. O que houve no Brasil em março de 64 foi um cochicho de bastidores que deu no que deu. Revolução foi a que não houve, a que foi preparada por um bando de meninos e intelectuais. O resto, o que interessava, o povo, continuava a sua vidinha sem querer saber de nada e nem se importava. As pessoas olhavam das janelas dos apartamentos e jogavam papel picado sobre as passeatas. Ou água. Ou tomates. Se não abriam as janelas não viam nada, e continuavam a descascar batatas. O que mais impressiona é terrível desproporção entre os atos da esquerda e a retaliação dos militares. Não dá para entender. Se, durante os atos rebeldes, sobretudo dos universitários, incitados por coalizões que a maioria sequer conhecia e nunca aparecia, não houvesse reação, os meninos voltariam para casa, para as escolas e tudo continuaria do mesmo jeito. Quem estava lá sabia. Não haveria nada para fazer, se não houvesse perseguição. Era só deixar a banda passar, alegremente. Mas não. A ditadura parecia mais inflada de vaidade do que de poder. A inteligência parecia ter escapado pelos vãos da vaidade, o que não é de se estranhar. Era um bando de loucos, desvairados, fanáticos, procurando comunistas debaixo das camas. E encontrando! Um surto esquizofrênico que seria engraçado não tivesse conseqüências trágicas.

Aquelas mulheres de rosário na mão, teatro mambembe de intenções grotescas, quem não sabe disso? Jango, com suas reformas, certinho, enfraquecido, mas não fraco, sobre um rojão histórico, conclamando o congresso, quem não sabe disso? Um grito lá no fundo de “fecha�, só um grito. Estava tudo estava preparado. Nada mudaria o curso da história naquele momento. O pêndulo estava para a direita, totalmente para a direita. O que se seguiu foi um desvario do poder. Enquanto tudo acontecia, o povo continuava a sua vida, pateticamente desinformado, e quer saber? Não se importava. A massa é uma abstração intelectual da esquerda. O que existe são indivíduos. Muitas famílias só souberam do que estava vivendo o país quando seus filhos não voltavam da escola. E a grande maioria, os mártires da revolução que não houve, sofreu as conseqüências de não saber porque estava ali. Eram só meninos e a maioria se divertindo. Não se iludam pois. Os grandes imbecis da ditadura criaram o cenário mais grotesco da mas perfeita fanfarronice. Não precisava tanto. Não era absolutamente necessário sujar o palco de sangue. Ditadores são, antes de tudo, burros. Só pode. Não há outra explicação. O poder não estava ameaçado. Nunca esteve realmente. Não há na história, fato algum que comprove seriamente isto. Podiam ter saído limpos da história.

E agora, um governo, o primeiro declaradamente engajado na “luta�, o governo do Lula, o da estrela vermelha que coloriu as lapelas dos rebeldes, passa desapercebido por um momento histórico. Era dele a obrigação de abrir os porões da ditadura e desvendar os olhos dos que não viram. Só em Minas há 90.000 documentos secretos. É dele a obrigação de tornar público os mistérios desse tempo obscuro. Seria dele o compromisso de limpar de vez a história deste período, de expor, de procurar, de redimir. Mas os cães ladram e a caravana passa. O poder, ah! não há nada que mais cause torpor que o poder. É desconcertante.

quarta-feira, março 24, 2004


IMPRESSÃO
Estou hoje, particularmente sem palavras. Muda como as pedras cheias de histórias para contar. Ah! se eu pudesse ser pedra! Num canto do rio, à margem, de onde pudesse ver a vida passar como um rio. Sem ter a necessidade senão de ficar, quase eterna, à margem do rio. Velha, sem memória, com uma pedra. Sem saudades. Sem nada. Um morto num álbum de retratos.

terça-feira, março 23, 2004


CURSO ANTI-FRESCURA

Meu irmão não gosta de ratos. Não sei o que pode ter acontecido entre ele e os ratos, mas ele ODEIA ratos. Já perguntei, já sugeri que perdoasse seja lá o que for, já fiz ameaças de condenação eterna, não tem jeito. Ele pensa num rato, seus olhos brilham, suas bochechas tremem e sai em busca do seu último aparato para assassinar seus pequenos inimigos.
-O que é isso? – Perguntei diante de uma lata de ervilha com uma coisa esquisita dentro.
-Açúcar com cimento.
-Uê! Pensei que cimento fosse usado com areia e cascalho...vai tapar algum buraco?
-Vou. O buraco do estômago dos ratos!
Dei um passo atrás, arregalei os olhos, fiz um drama.
-Paulo!!! Isso é cruel demais! Vai enfiar açúcar com cimento na boca dos ratos? E de que jeito?
Levem em consideração que sou loira.
-Não. Vou colocar no lugar que eles costumam passar, eles pensam que é açúcar, comem e algumas horas depois o negócio endurece no estômago deles.
-E...
-E eles estrebucham, é claro.
Pus as duas mãos na cabeça, horrorizada.
- Que coisa pavorosa! Como tem coragem? Você deve ser a reencarnação de Hitler! Como pode?Como pode!!
Ele parecia assustado, mas não a ponto de desistir.
-Isso é assassinato em primeiro grau.- continuei, histérica – como pode??? Como pode??
-É só um rato. Todo mundo mata ratos. É só uma forma limpa de fazer a coisa.
- Usa uma ratoeira como todo mundo!
- Que diferença faz?

Não sei. Pensando bem, não sei. Mas que faz, faz!

*****

Depois disso fiquei pensando se não serei muito... muito...delicada. Tá, pode dizer fresca. Sou, concluí. E se quiser viver bem neste mundo, terei que deixar de ser. Este mundo é essencialmente cruel. Viver é de uma crueldade miserável. Não? então pense no que você faz diariamente para continuar vivo. Você come. E come carne! Não? Então tá. Você come alface. Alface é vegetal. Vegetal tem sensibilidade. Imagina o que sente uma folha de alface quando você, primeiro retalha e depois esmaga, tritura e engole. É menos trágico do que comer um naco do lombo de uma vaquinha de olhos mornos? Porque? Só porque a alface não tem olhos de mormaço?

Diante disso decidi: tenho que treinar uma certa crueldade, uma monumental frieza para continuar vivendo sem esta incômoda dor. Aí pensei nos torturadores. Li, não me lembro bem onde, que os sujeitos eram treinados, durante a ditadura, os de profissão torturador. E pelo depoimento de um deles, a primeira vez que assistiu a uma sessão de tortura o indivíduo vomitou, ficou arrasado, deprimido, acabado. Aos poucos foi se acostumando, já não tinha náuseas e com o tempo passou a sentir prazer! Portanto, com um pouco de treino, qualquer um pode se tornar um torturador. Se não chegar a tanto, terei, pelo menos, deixado de ser fresca.

Posso começar por formigas, essas formiguinhas loiras que passeiam pelo meu teclado. Esmago uma por dia. Depois, os ratos...
Com o tempo vou assistir as carnificinas de qualquer ato terrorista, ocidental ou oriental, como se visse os efeitos especiais de um filme de terror.

Primeiro vou assistir “A Paixão de Cristo� segundo Mel Gibson. Se agüentar, terei passado no vestibular. Se não, volto às formigas.

segunda-feira, março 22, 2004

Depois do que aconteceu com a Alê – não sei se devo falar aqui o nome do blog, talvez fosse melhor falar o novo nome:licordeamarulacomflocosdemilhoaçucarados – vou colocar minhas barbas de molho. Vai que Paulo Setúbal venha do além cobrar royalties, e pior ainda, o Papa resolva me excomungar por uso indevido do nome de oração. Enquanto isso vou pensar num outro nome...
quem sabe naoconfessonadamasjuroqueeverdade.blogspot.com.
Cacilda!

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apideite
FUMACÊ

Bateram na porta. Bateram mesmo, que os homens da prefeitura nunca encontram a campainha. Como todo urso hibernando, quase furiosa,cheguei da janela e gritei oi, com um pouco de irritação evidente. Às vezes consigo me conter.
-Campanha da Dengue!
-Ai, que saco!
Abri porta e falei com eles, sem abrir o portão, do alto da cerca, toda sorrisos:
-Sim?
- Amanhã estaremos fazendo uma dedetização na sua casa. O fumacê...
- Mas de jeito nenhum! Da minha casa cuido eu. Além do mais todo mundo aqui é alérgico, asmático, e não vou expor ninguém a essa fumaça horrorosa.
- Mas... a dengue...
- Eu sei tudo sobre a dengue, e faço o que tem que ser feito. Da minha casa cuido eu.
- Mas...
- Vão querer me obrigar?
- Não, mas...
- Então tá. Passe bem.

No dia seguinte, fechei todas as janelas, lacrei as portas, não sem antes ver aquele bando de homens espaciais, monstros irreconhecíveis, vestidos de roupa e capuz, com aquelas armas cuspindo fumaça, com um barulho de mil abelhas. Eles estavam bem protegidos. Mas e nós?
-Tem problema não. Vocês só tem que ficar meia hora do lado de fora, na calçada...
Me senti numa aldeia africana. A gente paga cada preço por ter nascido no país de um sol de raios fúlgidos!
Porque diabos não usam esse dinheiro para saneamento básico? De que vai adiantar matar uns mosquitinhos de nada se dento de alguns dias, em ambiente propício, nascerá o dobro deles? Porque? Porque faz muita fumaça, e onde há fumaça há fogo. É bom fazer uma barulheira infernal, mesmo que os resultados não sejam lá essas coisas. Para as urnas é ótimo.
Ah! Vão fritar bolinhos! Aqui não, violão!

sexta-feira, março 19, 2004

PAPEL PICADO

Olha, eu não sei se Deus existe, mas eu acabo de vê-lo.
Você mentiu quando me disse que Deus é como um pai.
O que eu vi não é um pai. Não me castiga, não me bate na boca quando digo um palavrão - que você me ensinou – não diz não, não diz pode, não diz...
È por isto que eu tenho um pouco de dúvida, porque o que eu vi não me fez pedir perdão, não me pediu, nem me deu. Só se colou a mim e colado está. E calado.
Eu acabo de vê-lo e me dói um pouco a saudade dele. Você entende porque eu não sei se Deus existe?

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Passam multidões do lado de lá. Daqui eu posso ouvir os risos, as palavras, os soluços, os sons confusos da vida e da morte. Às vezes passam enterros e entra um cheiro de flores e velas pela fresta da porta; às vezes nascem crianças e entra um cheiro de talco e risos. Por minha janela, por tê-la aberta, nunca passa nada.

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Tudo o que eu queria era me sentir normal. Normal. Normal. Sem este desconforto de nunca estar no lugar certo. Com aquela alegria besta de que não ter nada mais a fazer do que viver. Sem perguntar. E depois morrer. Como se nunca tivesse vivido.

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É como se estivesse apalpando no escuro alguma coisa que não sei o que é, mas me mete medo.

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Eu sou dos que andam à margem dos caminhos e se me encontro às vezes, decomposta e morta como um peixe, não há culpa nem desculpa que me redima. E a minha voz vai e volta dando voltas, como novelos de lã cinza que eu mesma desenrolo entre os dedos é porque o tempo é só uma gruta escura e sem eco. E, se os meus passos, quando volto e repasso o tempo e o espaço que perdi andando, formam sulcos como veias sem sangue atrás de mim , é porque não há ninguém atrás de mim .

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Não são as nossas diferenças que me atordoam. Não sou calma, ponderada, sensata e organizada. O mais ousado ardil que conheço não é a mentira estipulada, mas a verdade nua e deslavada. E às vezes, muitas vezes, a sua vida me parece um perfeito rol de roupas sujas.

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Eu só quero a paz dos idiotas. O descompromisso de ser feliz. A desobrigação de ser coerente.
Eu não quero ser feliz,se já não fui, se nunca serei. Eu só quero a paz dos idiotas,a imobilidade dos idiotas que ninguém contesta. Eu quero o riso dos idiotas que ninguém obriga.Eu quero a ira dos idiotas que ninguém motiva. Eu só quero a irresponsabilidade da paz, como um idiota.

quinta-feira, março 18, 2004

ESTÓRIAS PARA BOI DORMIR - A INVENÇÃO DO DINHEIRO – ( a verdadeira estória) -by J. Stapafúrdio Soares - Presidente e único membro da ABEI- Associação Brasileira de Estórias Infundadas.

Os primeiros homens não sabiam o que era economia, PIB, FMI, mas já sofriam da escassez de dinheiro. Essa que você bem conhece. Não propriamente dessa escassez moderna, onde você sabe que o dinheiro está em algum lugar e só não sabe onde encontra-lo. É bem verdade que uns poucos descobriram a mina e usufruem dela com uma perícia que a maior parte inveja e sonha conseguir. Nos primeiros tempos a situação era bem pior porque o dinheiro sequer existia. Se alguém queria comprar um pedaço de mandioca ou umas sementes, ou fosse lá o que fosse, tinha que procurar um vizinho que os tivesse e trocar por alguma coisa que ele próprio tivesse em excesso.

No princípio até que dava certo, mesmo porque as necessidades eram básicas. Ninguém sonhava com uma câmera digital de 3 mega pixels, com um televisor de última geração, telefone celular, porque não existiam e há um princípio metafísico irrefutável que é: “ ninguém pode desejar possuir alguma coisa que não existe�. O capitalismo não havia sido inventado, muito menos o comunismo, tanto que russos e americanos viviam numa confraternização quase imoral, calculem vocês. Dava certo também porque a população era muito pequena – uns dez ou doze por aldeia – quase todos da mesma família, e os problemas econômicos que surgiam eram facilmente resolvidos com um tacape que funcionava mais ou menos como funcionaram os planos econômicos modernos : te deixavam meio zonzo e só depois de algum tempo você caia no real, isto é, na real.

Reinava assim um sistema econômico sem surpresas, bastante prático e eficiente, até que um político oriental – não se sabe bem de que país, mas isso não interessa – tendo um cunhado desempregado deu de inventar um novo cargo no governo, para aliviar a penúria do coitado ( do cunhado): Ministério da Economia. O tal do Mahomed Tomalá Daká não tinha o que fazer já que a economia ia muito bem obrigado, e, entediado, resolveu complicar as coisas:

-“acabou-se esse negócio e troca-troca. Vamos cunhar pedritas e elas vão servir para dar o valor das coisas que cada um tem. Quem tiver mais coisas terá mais pedritas, tendo, portanto, maior poder de compra. Quem nada tiver não terá pedrita nenhuma e vai ter que trabalhar para quem tiver muitas pedritas a fim de ganhar algumas por mês.�

Veja você! O capitalismo foi o primeiro sistema econômico inventado. É, sem nenhum trocadilho, pré-histórico.

Bom, deu no que deu. Todo mundo queria pedritas que, curiosamente, passou a ter um valor não só econômico. Quem tivesse muitas pedritas tinha prestígio, era respeitado, valorizado, amado e tudo o mais. Não tem pedritas? Alijado da sociedade como um cão sarnento, mesmo que fosse o mais justo, o mais nobre, o mais sábio, o mais bondoso dentre os homens. E isso vale até hoje. O coitado do Mahomed Tomalá Daká não sabe os problemas que causou, mas você sabe e como sabe!

Portanto, em lugar de ficar lendo essas baboseiras, vai trabalhar para conseguir mais pedritas e quem sabe comprar aquele computador dos seus sonhos, hem?

quarta-feira, março 17, 2004

VOOOOLTEI, PRA REVER OS AMIGOS QUE UM DIIIIIAAAA...

O que me parecia impossível há cinco dias, aconteceu. Restabeleci minha conexão via cabo. Deus existe!

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Nunca tive uma fé absoluta na inexistência dele, confesso. Meus discursos ateus eram cheios de dúvidas e sobretudo de medo. Reconheço. Nunca fui incisiva. Certezas não são o meu forte.

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Desde muito pequena aprendi que o dogma primordial era acreditar que Ele existia. Fora isto não mereceria nenhum milagre. Não é verdade. Ele acredita em mim e isto lhe basta.

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Outra coisa fatal é que não O encontro nas Igrejas ou nas igrejas e Ele está onde nunca O procurei: dentro de mim e não tem um nome ou forma senão a minha e manifesta-se segundo a minha vontade. Se olho no espelho eu O vejo. Se olho para você eu O vejo.

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Sou crente! Acredito em mim , acredito em você, acredito em Deus e no diabo a quatro! No último, com restrições.

domingo, março 14, 2004

ATÉ QUE DEU CERTO...MAS E DA�?

Dia 13 de março de 2004. Como em todas as manhãs de todos os dias de minha vida nos dois últimos anos, coincidentemente exatos dois anos, ligo o computador, antes de escovar os dentes de manhã. “A página não pode ser exibida�. Passo um rabo de olho para o cabe modem. As duas luzinhas piscando.

-“Merda! Cortaram a minha conexão.�
Ainda tentei desligar e ligar a tomada da força. Costumava dar certo. Nada. Ligo para a operadora, anonimamente:
-Por favor, estão com problemas no sinal?
- Não há nenhuma reclamação neste sentido, senhora.
- Merda! Cortaram mesmo a minha conexão.
- Como? Pode repetir, senhora? Não consigo ouvi-la.
- Não, não. Só estava resmungando. Obrigada.
- A Fulana agradece a ligação e lhe ...
- -Clic.

Resignada, meigamente resignada, sem nenhum sinal de desespero, revolta, essas coisas que costumam assolar as pessoas diante de uma adversidade, fui escovar os dentes. A minha cara no espelho era a de Santa Maria Gorethi, a Virgem. Isso não!
-Alguém aí tem um modem pra emprestar? – Gritei com a boca cheia de espuma. Ninguém respondeu. Gente dormindo não escuta. Olhei no espelho. Estava voltando ao normal. Acordei o Victor:

-Você tem um modem para me emprestar?
Ele abriu com dificuldade um olho, esticou os braços e balançou a cabeça. “não...� É típico dele. Um não é tudo. Parti para o Marcelo.
-Tem um modem pra emprestar?
-Um o quê? – É típico dele.
-Um mo-dem! Aquele negócio que faz a conexão com a internet!
-Porquê?
- Porque cortaram a minha conexão e eu vou me conectar nem que seja com o orelhão da esquina.
-Mãe! Isso é crime! – Também é típico dele.
-Tá. E vinte contos, você tem?
-Praquê?
-Pra juntar com os vinte que tenho e comprar um modem.

Não tinha. E já eram oito e trinta. Sábado. Só havia alguém que me poderia emprestar os vinte contos. Não tinha coragem.
-Vai lá, mãe. Coragem.
-Não. Ele vai me olhar com aquela cara e antes que eu acabe de falar já disse não. E eu vou chorar, e vou ficar chorando o resto do dia. Posso muito bem ficar sem internet. Tanta gente vive sem isto. Alem do mais, a conta do telefone...não. É melhor não. Posso tirar prazer de outra coisa.

-Do que, por exemplo?
-Vou por a faxina em dia. E passar aquele monte de roupas. E lustrar as maçanetas!
Foi aí que eu me decidi. Ele lia o jornal. Como uma Anita Garibaldi, parei diante dele, decidida:
-Congela esta cara aí. Vou te fazer uma pergunta. Se a resposta for sim, diga sim. Se for não diga não.
Ele começou a balançar a cabeça negativamente e parou. Suspeito que alguma coisa na minha cara o fez mudar de idéia. Tenho que decorar esta cara, mas não me lembro qual foi. E ele me emprestou os vinte contos, sem cara nenhuma, comprei o modem e estou aqui.
Mas sem aquela sensação de vitória das outras vezes. De tantas vezes que consegui me safar de situações parecidas. Apenas cansaço.
Decididamente alguma coisa está perdida. E não é a minha conexão via cabo.

sábado, março 13, 2004

Meninos e meninas,
estou aqui só para avisar pro6 que estou sem conexão.ahahahahah! Arranjei um modem, instalei (eu, pessoalmente em pessoa) e fiz a conexão dial-up. Portanto, estou ocupando a única linha telefônica da casa, tenho que ser rápida e aproveitar enquanto o povo desta casa não liga pro vizinho, me esculhamba quatro gerações e me ordena que desligue a porcaria do telefone.

César, seu blog pirou ou estou tendo alucinações por abstinência. O post que está lá não é o que li por último!

Teca, eu vi o Simão. Pergunta se ele já tem namorada.

�urea, o negócio é enxaqueca mesmo e não tem remédio. O remédio é esperar. Mas já passou.

Mônica, Mário...eu também só vim dizer que não venho hoje.

Ginikinha, loviu.

Gisela, largar de mão já larguei, ela é que não me larga.

Tereza (Bruxelas), o mundo é que parece cada vez mais jovem, né não?

Leila, pão com manteiga serve tumém?

Tê, Tereza(de Minas)! Brigada, brigada, brigada! Tu me tens feito acreditar em tanta coisa!

Amo o6! Espero não enlouquecer com a abstinência. De um jeito ou de outro estarei aqui e aí. Beijos e beijos.

quinta-feira, março 11, 2004

PINGOS...

A minha tia Carolina tinha 90 anos e andou quase três quilômetros para avisar ao médico que não poderia ir à consulta marcada porque estava com muita dor nas pernas. Estou escrevendo para dizer que não tenho vontade de escrever. Deve ser de família.

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Quando não tenho dor de cabeça eu não acredito que possa sentir tanta dor e sobreviver. Quando tenho dor de cabeça ela parece ser eterna e que não existe vida sem dor. Nas duas percepções estou certa.

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Às vezes acordo com o sentimento estranho de que tomar o café da manhã é uma rotina insuportável. Envelhecer deve ser isto.

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Não é a falta de motivos que me incomoda. Ter que ter motivos é que me aniquila.

quarta-feira, março 10, 2004

SAUDOSISMO!...

Estas são algumas cartas á redação do Jornal Fricotes e as respostas. Se tô enchendo linguiça? Não. Só tô com saudades...

-Em um outro número vocês deram umas dicas de como namorar direito e eu até gostei. Só tenho uma dúvida: Por “contato oral� vocês querem dizer o que? É o que estou pensando?
Pequi Pecad

Resposta:
Não! Não é o que o Sr. está pensando! Cumequipooooode?!! O que o Sr. tem na cabeça? Esperma? Vá fritar bolinhos, seu...seu!
PS . Desculpe, mas o que é mesmo que o Sr. está pensando?...

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- Esse tal de Zaquim Assim Assim é um sujeito meio aloprado que vende pulseiras na Av. Paraná? O que é que ele entende de horóscopo?
In. Crédulo
Resposta:
O Sr. de novo?! Pois fique sabendo que o Zaquim fez um curso por correspondência e já colou grau em ciências esotéricas com honra ao mérito! Chega ou quer mais?

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-Queria fazer uma reclamação. Recebi o FRICOTES duas vezes e nunca mais. Porque?
Zé Mané
Resposta:

Sei não. Deve ser porque o Sr. não fez a assinatura e nem pagou os quatro contos.

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-Tenho uma quitanda aí perto de vocês e queria fazer uma propaganda dos meus tomates .Fikakaro?
Ass.:Shokey Kutuvelo Nakina

Resposta:
Depende. Se o Sr. for pagar em ien fikakaro pra burro, já que a sua vil moeda está valendo uma merreca. Se for em dólar a gente faz um abatimento. Em real, tem uns juruzinhos só para garantir. Vai que, de repente, os economistas tenham razão e a gente fiki nu kamão nu bolso.

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-Porque vocês não fazem o FRICOTES em japonês? Conheço uns dois ou três que só não lêem este famoso periódico (acertei?) porque não falam português. Tanakara uki sujiro?

Katraka Fu Jida
Resposta:
Já tentamos, seu Katraka Fu. Não deu certo porque nós temos uns 6 ou 7 leitores que não entendem bulhufas de japonês. Eles falam esperanto? A gente pode tentar em latim também...

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-Tateno im prego pramim aí? Tô voltando do Japão kamão na frente otratraz.
( Desculpem o sotaque)

Shikero Numtem

Resposta:
Que diabo está acontecendo aqui?! De onde saiu tanto japonês?! Karo Shikero: dê meia volta volver porque shi Shiquero kata imprego, aki num tem também. Tabem? (Meu japonês tá em dia? )

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- Meu pai sempre me dizia pra não ficar lendo tudo quanto é baboseira que encontrasse e mesmo assim não me emendo! Como é que vocês podem escrever tanta abobrinha?
Ass.: K. Lombo
Resposta:
Pois é. Enquanto você lê essas abobrinhas eu cá fico relembrando das abobrinhas recheadas que a Donana fazia! Hummmmm!! Donana era a cozinheira da república onde passei os doces anos da minha juventude. Cê tinha que ter conhecido a Donana!

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-Estou em N. York e peguei o FRICOTES numa banca de jornais aqui na Sunset Street. Pena que está em português e eu só leio inglês!
Ass.: Mr. King of Night
Resposta:
Nós bem que insistimos com o nosso correspondente nos States! O Fricotes, em N. York, tinha que ser em Inglês. Infelizmente ele não fala português.

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-Aqui em Paris, todo mundo lê o FRICOTES e o pessoal que freqüenta o Café des Arts gosta muito, mas têm uma dificuldade. Não poderiam editá-lo em Francês? Pouca gente fala russo por aqui...

Ass.: Messieu Silvá
Resposta:
O nosso correspondente em Paris é russo e não fala nada de francês. Nem de português.

NÓS DAQUI

segunda-feira, março 08, 2004

ESTÓRIAS PARA BOI DORMIR - Lula-la I - O Viajante



Havia um rei de índole muito boa e sensível. Tão sensível que para não ver o sofrimento dos súditos vivia mais fora do que dentro do Reino. Por isso foi apelidado de D. lula-la I– 0 Viajante.
Há historiadores que confundem D. Ferrando VIII- O Mala, com D. Lula-la I – o viajante, mas isso é coisa de historiador que não vai a fundo na história e acha que mera coincidência é semelhança. E não é. Cada um viajava à sua maneira e por veículos diferentes. Um, de avião, o outro... bem, não vem ao caso. O caso é que D. Lula-la I – o viajante, tinha muita pena dos súditos que viviam na maior magrela. Tinha até súdito que morava debaixo da ponte, tinha súdito que nem sabia ler e que, por isso mesmo, sofria mais porque não podia ver os inúmeros editais que o rei mandava pregar nos postes, com mensagens otimistas. Para quem sabia ler, fazia um grande efeito as frases do rei.

“- A cada dia está tudo cada vez melhor!�
“- Este é o reino do futuro!�
“- Neste reino em se plantando tudo dá!�
“- Deus é Brasileiro!�
“- Ouviram do Ipiranga às margens pláááááácidas!�
Tudo com exclamação, para dar mais ênfase. E o povo heróico em muito se satisfazia com o júbilo do Rei e muitos se convenciam. Outros, os habitantes de um território chamado Exclusão, os excluídos, não acreditavam porque a barriga roncava muito alto e abafava qualquer exclamação positiva Mesmo assim não davam o brado retumbante porque não tinham forças , ainda que comessem muita rapadura que, como todo mundo sabe, é riquíssima em proteínas e ferro.

Aliás, o povo desse reino podia sofrer insuficiência de qualquer outro mineral, mas de ferro, não.
D. Lula-La I – o viajante, fazia tudo para que os súditos fossem tão felizes quanto ele. Viajava para outros países prósperos só para colher mais frases otimistas; aparecia todas as manhãs em que estava no reino, na sacada do palácio, acenava para o povo com sua simpática e risonha figura e, sempre que tinha notícias de algum descalabro acontecido no reino, mandava incorporar às frases otimistas uma série de “Inaceitável! Inaceitável!� Enquanto o povo comia rapadura com farinha, o rei comia pizza com seus ministros que não gostavam de rapadura. Mas eles não se queixavam, os ministros, que faziam, como o rei, qualquer coisa pelo bem estar social. O final da estória? Ninguém sabe, muito menos eu. Parece que o tal reino desapareceu do mapa, que nem a Antártida, mas existem indícios concretos de sua existência: uma caveira de burro enterrada bem abaixo da linha do Equador.
By J. Stapafúrdio SoaresPresidente e único membro da ABEI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTÓRIAS INFUNDADAS

domingo, março 07, 2004

A EVOLUÇÃO FEMININA - TESE INTUITIVA
Nada me tira da cabeça, embora seja uma cabeça feminina, que a mulher é a espécie mais evoluída do planeta. Há indícios claros desta evolução se se comparar com o outro lado da moeda ou seja, o macho da espécie. Sabe-se que cabelos e pelos servem ou serviam para defender o corpo de ataques externos e até internos. Por exemplo, os pelos debaixo do nariz serviam para que o que escorresse do nariz não entrasse pela boca. As sobrancelhas eram o guarda –suor dos olhos. Sem as sobrancelhas o suor escorria pela testa e encharcava e obnubilava a visão que era muito importante na idade da pedra. Os pelos sobre as faces, dos braços e das pernas, tinham a serventia muito digna de protegerem a pele do humano nas suas corridas pelas selvas. Com a evolução é natural que o ser humano fosse perdendo estas características que já não têm a sua função primordial. Ora, os machos da espécie continuam com sobrancelhas imensas e bigodões arrepiantes (literalmente) e aquela cabelada no rosto e nos membros, como se vivessem ainda caçando em territórios inóspitos e selvagens.

As mulheres, evoluíram e perderam os pelos. Quando não perderam, pelo menos, depilam o que sobrou. Isso não quer dizer nada, dirão os homens, é só uma característica. Se ainda não os convenci vejamos a história dos neurônios. Aquele velha história de que os homens têm não sei quantos bilhões de neurônios a mais que as mulheres. Comprovado. Têm mesmo, o que quer dizer apenas que eles não evoluíram tanto quanto as mulheres. Comprovado também está que, na infância, todos têm a mesma quantidade de neurônios. Um pouco depois as mulheres perdem o excesso e ficam com o indispensável. Ora, sabe-se que a função cerebral de uma mulher é, qualitativamente, a mesma de um homem. Ou seja, os neurônios que sobram nos homens, não serviriam para nada, se estivessem numa mulher. Um homem, sem este excesso, não conseguiria talvez andar de bicicletas, ou fazer qualquer outra coisa comum aos dois seres. Eles precisam de mais neurônios para funcionar!

Ainda não os convenci? Partamos então para argumentos mais sutis, coisa de mulher. Porque os homens falam tão pouco? Porque a parte do cérebro que guarda a fala, nele, é menos desenvolvida. E a palavra é , sem dúvida, a mais completa e perfeita conseqüência do processo evolutivo.
Os músculos. Os músculos desenvolvidos servem para quê? Para agarrar um veado pelos chifres e cortar a carne dura. Músculos não servem para nada quando se compra carne no açougue da esquina. Mas eles continuam com uma massa muscular digna do homem da idade da pedra.
E o comportamento também, muitas vezes. Saia com seu marido/namorado/essas coisas, pelo centro da cidade, dentro de um carro. Um selvagem de terno e gravata.

As mulheres estão acima na escala evolutiva. Não acredita?
E a intuição? A sutileza de uma afirmação categórica, definitiva de “não vou com a cara desse sujeito� ou “tem alguma coisa errada aqui�, sem nenhuma razão lógica, mas correta? E a capacidade incomum de extrair de um olhar, um gesto, uma cuspida de lado, a mais completa análise sobre uma pessoa? E a onisciência? “Eu sei muito bem o que você está querendo dizer!� ou “acha que não sei o que você está pensando?� (Argumento fraco. Eles sempre pensam na mesma coisa). E a capacidade de abstração?�Ora, você sabe do que estou falando�. Eles têm a lógica, e acham que têm tudo. O óbvio não é nada, senhores. É o óbvio.
E é óbvio que somos o melhor da criação. E macho que é macho não vai discordar. É óbvio.

sábado, março 06, 2004

TESTE PARA SABER SE VOCÊ É CHATO.

(Responda com honestidade. Pode marcar quantos “x� quiser desde que seja um de cada vez., porque é bem capaz de v. querer marcar todas as opções só pra chatear).

1) Você fica preso num congestionamento as 6 da tarde e tem um enterro marcado para as 6:30. Você:

a) Sai do carro, chuta a porta do fusca da velhinha a sua frente ( ela é culpada de tudo, você tem certeza, diz todos os palavrões que conhece e só para quando a turba enfurecida ameaça atear fogos as suas vestes.
b) Aproveita para ensinar ao idiota do guarda como se organiza um trânsito, inclusive usando o apito e devolvendo-o todo babado;
c )Sai do carro ( não se esquecendo de trancá-lo) e vai a pé, que você não pode perder esse enterro de jeito nenhum!

2) Há quanto tempo os colegas de escritório não lhe convidam para aquele chope no fim do expediente?

a) Você não se esquece daquele último ( há uns três anos) quando o Pereira tentou te esgoelar e até hoje você não entende o motivo de tanta violência.
b) Uns 20 anos.
c) Ninguém nunca te convidou para nada.

3) Quantos amigos você tem?
a) O que é isto?
b) 182
c) Um, embora tenha uns três anos que ele não dá um telefonema.

4)Quantos namorados (as) voce tem?

a) Um namorado. Ele é muito ciumento e ai de você se arranjar uma namorada.
b) 33
c)Nenhuma. Sua mãe não aprova essas peermissividades.

5) Você fuma?

a) Nunca. Só maconha.
b) Sim, mas nunca compro. Por falar nisso, que porcaria é essa que você está fumando?
c) Quem você pensa que eu sou?!!

6) Você bebe?

a) Só uísque e na casa dos outros.
b) Sim, e por falar nisso que porcaria é essa que você está bebendo?
c) Quem você pensa que eu sou?!!

RESULTADO:
MAIORIA “A�: Você não é só chato: você é chato e cínico! Puxa vida!
MAIORIA “B�: Além de chato você é mentiroso. 182 amigos!
MAIORIA “C�: Não há dúvida nenhuma: você é o pior tipo de chato que existe. Quando morrer,( se morrer, porque você é tão chato que é bem capaz de viver eternamente só pra chatear), você vai ter que fazer seu inferninho particular. Nem o Diabo agüenta!

quinta-feira, março 04, 2004

O NOVO HOMEM

Uma pesquisadora dos EEUU (porque é que toda pesquisa é feita nos EEUU?) descobriu que:

1) Os homens adoram serviços domésticos e são ótimos cozinheiros (trivial), lavam e passam roupas com perfeição e cuidam de crianças melhor que as mães.

2)Os homens são absolutamente confiáveis e, quando dizem, "mas meu bem, eu só estava tomando um chop com os amigos!" estavam mesmo!

3)Os homens adoram preliminares e podem perder(?) de uma a duas horas nessa agradável tarefa sem ficarem violentos.

4)Os homens têm profundo respeito pela relação, entendem muito bem quando você diz "precisamos conversar" , desligam a televisão e conversam mesmo!

5)Os homens são monógamos como os cisnes, jamais olham para outras mulheres e, nunca, em tempo algum, pensariam numa traição.

6) os homens detestam futebol e cerveja, sobretudo nas sextas feiras e pasmem! carro para eles é apenas um meio de locomoção.

(Há discussões sobre a validade desta pesquisa e pairam dúvidas sobre a sanidade mental da pesquisadora. Uma outra corrente diz que este novo homem está em fase de incubação mas é bem provável que não sobreviva. Um vírus muito antigo e conhecido impede que a proliferação dessa espécie)

quarta-feira, março 03, 2004

PORQUE O FRICOTES DEIXOU O PAPEL DE LADO


Depois de estudos, pesquisas e muita intuição, por sinal mais intuição e sexto sentido do que propriamente estudos e pesquisas, concluímos que:

1º) Dos jornais distribuídos de casa em casa, 80% (dados estimados pelo nosso fantástico bom senso e...intuição) tinham destino vago e às vezes ultrajante. A maioria das pessoas ( e este é um dado científico, só para dar maior credibilidade) não lê absolutamente nada. Mal - mal se dá ao trabalho de soletrar as manchetes e olhe lá.

2º) 10% caiam nas mãos de pessoas que estavam de péssimo humor justamente no momento em que recebiam o jornal, e aproveitavam para escorraçar o infeliz distribuidor e sapatear em cima do dito cujo ( do jornal, é claro) que depois disso se tornava ilegível. Mesmo que o mal humorado voltasse ao normal, arrependido, não conseguia ler um monte de papel sapateado.

3º) 5% eram muito bem aceitos por pessoas simpáticas e cordiais que usavam a capa e a contra capa para forrar o assoalho depois de encerado. As páginas 3 e 4, por serem menores, serviam para embrulhar o cocô do Roque. Tem-se notícia de algumas pessoas que conheceram o Fricotes nesta situação humilhante, pisado e sendo lido de quatro, literalmente.

4º) Felizmente, 5% iam parar nas mãos de pessoas que tem o estranho hábito de ler e que não se contêm quando estão diante de qualquer coisa impressa: lêem!

5º) 4% dessas pessoas gostavam especialmente do Fricotes e gostariam de continuar recebendo.

6º) A conclusão geral é que: 95% do nosso trabalho era, de uma maneira ou de outra, descartado como jornal velho ( que trocadilho !) e, para não contribuirmos com a devastação do planeta já que papel é feito de madeira e madeira, como você sabe, é árvore, num arroubo ecológico, decidimos que o Fricotes seria direcionado para os 4% que compõem essa aberrante categoria de pessoas que gostam de ler, mais ainda, que gostam de ler o Fricotes.

7º) Se chegou até aqui e continua lendo, certamente você está dentro dos 4% que são (é, sei lá) a razão da minha (nossa) vida. Se estou me prolongando neste bla-bla-bla meio sem consistência é para lhe convencer de que o Fricotes agora está ecologicamente correto, já que deixou de usar o papel. Mas se você é dessas pessoas que só acreditam no que está impresso num pedaço de papel, por favor, imprima! Inté!

segunda-feira, março 01, 2004

A FÉ É UM NEGÓCIO ESTRANHO...

Estava eu varrendo o chão da varanda quando tive o estalo. Fé é a crença no absurdo. Larguei a vassoura.
-Marcelo! Descobri o que você tem que eu não tenho! Ele estava diante do espelho do banheiro e parou com aquele jeito obscuro, calmo, sensato, besta , de quem escova os dentes diante do espelho.
-Eu sei exatamente o que eu tenho e que você não tem, mãe. Isso não é novidade.
-Não, não. É a fé.
-Isso também eu já sei.
-Você acredita que o impossível, o absurdo, o que não entra na cabeça de ninguém, vai acontecer porque você quer que aconteça! – eu estava radiante com a minha descoberta e com a boca cheia de espuma, ele me jogou um balde de água fria. Não literalmente, é claro, que ele tem muita fé mas não é louco.

-Mãe, isso tá na bíblia. – e fez a citação bíblica, espumando pela boca. Era, quase literalmente, o que eu havia dito. Eu estava plagiando a bíblia.
-É...vai ver foi só um registro do inconsciente. Mesmo assim, ainda acho que ninguém tem realmente fé. Se você tivesse fé, não estaria aí escovando os dentes.
-??
-Se você tivesse certeza absoluta de que seus dentes iam permanecer na sua boca inteirinhos, por toda a eternidade, você não precisaria escovar os dentes. Mas você acredita mais nos germes e no poder deles do que em Deus e no poder de Deus. Você não tem fé!
-Ora, mãe!
- E quando você reza/ora todas as manhãs “seja feita a tua vontade e não a minha� e sai pelas ruas, e cai uma chuva e você está sem guarda chuvas, você diz “saco!� e chega em casa resmungando? E quando você não passa num concurso para o qual estudou feito uma anta – e é claro que se tivesse fé, nem precisaria estudar- você se acha um fracasso? Você nem pensou que poderia ser a vontade dEle e não a sua, como disse de manhã, que estava se cumprindo?

Ele me olhou rapidamente enquanto lavava a escova.
-Isso aí é uma estupidez. Não tem nada a ver com fé. Fé é crer que não vai chover. E, se eu não passei, é porque não tive fé absoluta.
-Exatamente! Exatamente! Se você acreditar, sem nenhuma dúvida, contra qualquer lógica aparente, contra qualquer argumento que alguma coisa que você quer vai acontecer, acontece!. Cristo tinha esta fé. E a Marilda.
-Que Marilda?
-A Marilda, a filha da Custódia, a faxineira. Quando todo mundo estava chorando e preparando o enterro da filhinha dela recém nascida – o médico já tinha dado o veredicto- ela olhava para as pessoas, sequinha, sem uma lágrima e dizia: - porque vocês estão chorando? Ela está viva e vai continuar viva. E a menina está viva. Deve ter uns três anos. No último aniversário da menina também aconteceu um fato...
-.... O marido dela perdeu a carteira com todo o salário dele e chegou em casa arrancando os cabelos.
-Foi. E ela? Ela chorou? Se descabelou?
-Não. ela continuou o que estava fazendo e disse que ele se acalmasse por que em menos de meia hora alguém ira trazer sua carteira de volta com todo o dinheiro dentro. E assim foi.
-Vai ter fé assim na P*** que o p****!
-Mãe!
-Desculpa. É que dá uma inveja!...

Ele enxugou a boca rapidamente, deu uma olhada no espelho como se quisesse ver o alto da cabeça – porque será que os homens se olham assim no espelho?- e cortou o meu discurso:
- Você bem podia me emprestar aquele cd dos Beatles. Queria mostrar “Mother� pra Carla.
- Nem morta! Você nunca vai me devolver!
- Se você tiver fé...
- Tenha fé você. Acredite no absurdo de que vou emprestar meu cd. Quem sabe?
Ele saiu resmungando e ainda ouvi seu último argumento:
-O problema todo é esse “quem sabe?�...
-Pois é.
Ele parou com a mão no trinco da porta, pensou um pouco e olhou para mim , irônico :
- Uma meia fé adianta?
O diabo é que não adianta. É preciso dar o "salto no escuro�(sic).