segunda-feira, março 08, 2004

ESTÓRIAS PARA BOI DORMIR - Lula-la I - O Viajante



Havia um rei de índole muito boa e sensível. Tão sensível que para não ver o sofrimento dos súditos vivia mais fora do que dentro do Reino. Por isso foi apelidado de D. lula-la I– 0 Viajante.
Há historiadores que confundem D. Ferrando VIII- O Mala, com D. Lula-la I – o viajante, mas isso é coisa de historiador que não vai a fundo na história e acha que mera coincidência é semelhança. E não é. Cada um viajava à sua maneira e por veículos diferentes. Um, de avião, o outro... bem, não vem ao caso. O caso é que D. Lula-la I – o viajante, tinha muita pena dos súditos que viviam na maior magrela. Tinha até súdito que morava debaixo da ponte, tinha súdito que nem sabia ler e que, por isso mesmo, sofria mais porque não podia ver os inúmeros editais que o rei mandava pregar nos postes, com mensagens otimistas. Para quem sabia ler, fazia um grande efeito as frases do rei.

“- A cada dia está tudo cada vez melhor!�
“- Este é o reino do futuro!�
“- Neste reino em se plantando tudo dá!�
“- Deus é Brasileiro!�
“- Ouviram do Ipiranga às margens pláááááácidas!�
Tudo com exclamação, para dar mais ênfase. E o povo heróico em muito se satisfazia com o júbilo do Rei e muitos se convenciam. Outros, os habitantes de um território chamado Exclusão, os excluídos, não acreditavam porque a barriga roncava muito alto e abafava qualquer exclamação positiva Mesmo assim não davam o brado retumbante porque não tinham forças , ainda que comessem muita rapadura que, como todo mundo sabe, é riquíssima em proteínas e ferro.

Aliás, o povo desse reino podia sofrer insuficiência de qualquer outro mineral, mas de ferro, não.
D. Lula-La I – o viajante, fazia tudo para que os súditos fossem tão felizes quanto ele. Viajava para outros países prósperos só para colher mais frases otimistas; aparecia todas as manhãs em que estava no reino, na sacada do palácio, acenava para o povo com sua simpática e risonha figura e, sempre que tinha notícias de algum descalabro acontecido no reino, mandava incorporar às frases otimistas uma série de “Inaceitável! Inaceitável!� Enquanto o povo comia rapadura com farinha, o rei comia pizza com seus ministros que não gostavam de rapadura. Mas eles não se queixavam, os ministros, que faziam, como o rei, qualquer coisa pelo bem estar social. O final da estória? Ninguém sabe, muito menos eu. Parece que o tal reino desapareceu do mapa, que nem a Antártida, mas existem indícios concretos de sua existência: uma caveira de burro enterrada bem abaixo da linha do Equador.
By J. Stapafúrdio SoaresPresidente e único membro da ABEI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTÓRIAS INFUNDADAS

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