quarta-feira, agosto 04, 2004

SÓ-KRATIS – ETICA (IN) MORAL (by J. Stapafúrdio Soares, presidente e único membro da ABEI, etc., etc..)

Em mais ou menos 500 anos a.C. vivia num país muito bonito e invejado por causa, sobretudo, dos seus deuses ( Baco é muito festejado ainda hoje), um bom, sábio e pobre homem ( pobre porque não existe nenhum homem bom e sábio que seja rico e vice versa). O nome dele, se não me engano, era Só-Kratis de Tal. Só-Kratis era mais ou menos solitário em sua vidinha simples e comedida, sem um centavo, mas feliz. As pessoas menos sábias já viviam naquela época, bastante preocupadas e infelizes.

Só-Kratis freqüentava uma taberna na esquina da sua casa, onde bebia diariamente meia taça de vinho - porque a virtude está no meio - e não passava disso e de observar os bêbados e os chatos que naquele tempo já eram a população dos bares. Uma tarde pensou lá com seus cordões porque os botões ainda não tinham sido inventados:
-E se eu tentasse ajudar estes zumbis a entenderem o verdadeiro significado da vida feliz?

Só-Kratis teve essa idéia brilhante porque só bebia meia taça de vinho ao dia, o que era muito saudável e até evitava a esclerose, pois que já ia numa idade bastante avançada - cerca de 35 anos- e, como se sabe, qualquer excesso torna o homem incapaz de qualquer idéia. Assim pensou e assim o fez. Em pouco tempo Só-Kratis reuniu em sua casa um bando de jovens atenienses de boa índole, ex -freqüentadores das tabernas e das orgias que andavam muito em moda. Passavam o dia dialogando. Portanto, Foi Só-Kratis quem inventou o diálogo, palavra bastante deturpada nos dias atuais pois serve para ,inclusive, designar bate-boca, quebra-pau etc.

- Calma aí, que a gente só tá dialogando! - É o que todos dizem assim que a polícia chega. Bom, mas voltando à vaca fria, Só-kratis amealhou uma boa parte dos jovens, que pela própria natureza são bastante vazios, tendo sido, por isto mesmo, fácil encher-lhes as cabeças com ética, moral, princípios virtuosos, o meio termo, enfim, tudo que fazia o “homem superior “, coisa que, sem querer ser cansativo, ficou fora de moda rapidamente.

Atenas ficou uma chatice! Sem contar que muitas tabernas fecharam, as orgias já não contavam mais com os belos jovens atenienses e até o comércio caiu, vejam vocês, porque os freqüentadores da casa de Só-kratis não davam mais importância às grifes e outras veleidades. Só queriam filosofar.

A Grécia se uniu contra Só-kratis (isso não muda nunca!). Os boatos fizeram o que os boatos fazem:
-Só-kratis? É um homossexual.
-Sabe o que ele faz com aqueles lindos garotos? Pois é.
-Está acabando com a juventude grega.
-É um revolucionário. Estão dizendo que está treinando os meninos em guerrilha urbana.
-Vai tomar o poder.

E Só-Kratis foi preso, humilhado, achincalhado e por fim, condenado à morte. O dono da taberna que ele freqüentava se incumbiu prazerosamente de dar cabo da vida do sábio, depois do prejuízo que lhe causara. Fez um coquetel com vinho Chapinha, uisque do Paraguai, Vodka mexicana, cachaça da roça e algumas gotas do licor de Pequi que a sua mulher fazia. Obrigou o sábio homem a beber. Suas últimas palavras foram:
- O nobre amigo poderia ter colocado pelo menos um pouquinho de Moet et Chandon...


MORAL DA HISTÓRIA: Não queira fazer de um homem estúpido um “homem superior�. Nunca vai dar certo!


Nenhum comentário: