Curriculum

CURRICULUM VITAE

Vivo procurando sobreviver. Sei que o único meio de consegui-lo, infelizmente, é trabalhando. Não gosto muito da idéia, mas não vejo outra solução. Ou vejo, mas antevejo trabalho em dobro de qualquer maneira e com muito menor prazer. Não gosto muito de trabalhar se por trabalhar você entende passar oito horas por dia num cubículo 1 X 1, com luz artificial e ar condicionado. Odeio horários estabelecidos. Prefiro trabalhar 20 horas por dia, com a janela aberta para o dia ou noite, e parar só quando não agüentar mais.

Não tenho carteira de trabalho, mas nem por isso deixei de trabalhar a minha vida inteira. Portanto, não dou trabalho nem encargos, sou altamente produtiva, não consumo cafezinho, nem papel higiênico, nem sabonete, nem mesmo vale transporte. Não dou a menor despesa como trabalhadora, mas dou lucros como qualquer um. Não sei fazer perfeitamente muitas coisas, mas sei fazer muitas coisas mais ou menos. Das coisas que sei mediocremente posso citar: html, Photoshop, Corel Draw, php, asp, DreamWever, Fireworks, Flash, Maketing de Rede e, conseqüentemente, construção de sites.

Entretanto, escrevo com a desenvoltura de um inconseqüente, tenho ao meu lado dois bons dicionários, um PC com todos os programas necessários e banda larga que tem me permitido vagabundear pela rede enquanto não faço o trabalho que, certamente, me darão. É certo que tenho todos os meios necessários para não precisar ocupar parte física de nenhuma empresa, o que não me interessa e muito menos a você, creio. Estou vendendo a minha cabeça. O que tem dentro dela, por pouco ou muito dinheiro. Não interessa. Pouco ainda é mais que nada. Resvalei pelos primeiros lugares de Concursos Literários, e, se escritor é quem tem por profissão escrever, sou uma. Não vejo nisto nenhum privilégio e, francamente, teria tido mais sorte financeira, se tivesse me tornado costureira. É claro que prefiro o anonimato, por força do destino, e sou uma escritora fantasma, uma Ghost Writher, precisamente. Escrevo o que você quiser e não assino. Sou apenas a ferramenta para expor suas idéias, suas teses, suas memórias, sua bibliografia ou o discurso de sua posse na empresa.

Minha formação cultural provo com um diploma da Faculdade de Direito da UFMG e só. O resto não provo, mas atesto. Desenho, pinto e bordo. Bordo mal. Desenho bem. Pinto mediocremente. Fui diretora de arte, redatora e de tudo um pouco em agências de publicidade. Editei um Jornal de uma nota só, durante 10 anos. Toda a culpa e responsabilidade unicamente minhas. Posso provar isto também. Meu QI não é lá essas coisas, acredito, mas meu QE é altíssimo, por isso ainda sobrevivo. Não bebo, fumo (mas posso parar), sou magra (um pouco de exagero nisto), minha pressão arterial é normal e, a minha idade, vão ter que contratar os aposentados do Doi - Codi para que eu revele. Não que me intimide com torturas, mas a dor me incomoda um pouco.

Assim, proponho este projeto dentro do que sei fazer inocentemente, com a ilusão de genialidade que, se não comparando, às vezes tenho, como qualquer pessoa normal. Também caio na real rapidamente. Portanto, sou apta para fazer o trabalho que me proponho, se me pagar por ele, é claro, dentro das condições não impostas, mas compulsórias, as quais me submeto com alegria, porque preciso mesmo, urgentemente, de sobreviver. E creio que vou precisar pelo resto da minha vida, portanto pode contar também com a vitaliciedade do meu trabalho. Não fosse este ínfimo detalhe, trabalharia para você absolutamente de graça, e sei que teria prazer maior. Infelizmente ainda sou daqueles que teimam em fazer três refeições por dia e pior! preciso mesmo de um cálice de licor beneditino antes de começar.

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