sábado, outubro 16, 2004

FILOSOFIA DE BOTEQUIM (by J. Stapafúrdio Soares, presidente e único membro da ABEI - Associação Brasileira de Estórias Infundadas). Não sei se já postei isto aqui, enfim...sorry.

Buda estava sozinho no Bar Bante meditando no regime que pretendia começar na segunda feira. Estava muito gordo, colesterol nos picos, pressão alta, apesar de nunca ter comido outra coisa senão mel e sementes. Talvez estivesse exagerando nas sementes.
- Vou comer só seis por dia, meditou.
Seus pés formigavam, que aquela postura de lótus era até interessante, mas o tempo todo torrava a paciência. Estava claro ainda, mas da porta do bar surgiu uma luz.
- Lá vem aquele chato do Diógenes com aquela maldita lanterna - meditou Buda. Diógenes aproximou-se e vasculhou o rosto de Buda com a luz. Buda ficou momentaneamente cego mas como era o rei da paciência resmungou:
- Tentas cegar-me, ó grande filósofo?
- Diógenes, com um ar cansado, perguntou:
- Sabes onde poderei encontrar um homem, Buda?
- Já me fizestes esta mesma pergunta trezentas e cinqüenta e duas vezes. Estou prestes a duvidar da vossa masculinidade, ó delicado filósofo! Afastai-vos um pouco...não consigo ver o garçon.
- Não seria eu a dizer isto? - Perguntou Diógenes meio confuso.
- Não, meu caro. O que diríeis a Alexandre é: -“Quer se afastar um pouco? Estás me tirando a luz do Sol�.
Platão estava de costas, no balcão, e via nas paredes as sombras provocadas pela lanterna de Diógenes e pensou consigo mesmo, que Platão era muito dado à idéias solitárias:
-Eu sei que essas sombras não são a realidade, mas enfrentar aqueles dois é dose pra elefante!

- É verdade que existe um negócio chamado de Saúde Pública, ó grande Buda?- Perguntou um sujeito que tomava cachaça e comia torresmo.
- Porque é que todo mundo tem mania de me fazer perguntas cretinas? - Meditou Buda, mas pronto a responder, como de costume:
- O que entendes por Saúde pública, ó pequeno imbecil? - perguntou docemente.
- Bem...er...é aquele negócio do Estado cuidar da saúde do povo, gordo mestre!
-E o povo tem saúde, ó ínfimo?
- Não, ó dulcíssimo mestre! Mas a culpa não é do governo. A culpa é do próprio povo que vive tomando essa cachaça horrível, não come direito, toma água sem tratamento, e insiste em viver de maneira indigna e vil.
- Como pode então o Estado cuidar do que não existe, ó pequeno asno? - Buda estava pretendendo se candidatar a deputado federal e estava tentando se aclimatar.
- Estás com isto dizendo que não existe saúde pública, ó grande e gordo mestre?
- Tu o dissestes. - Plagiou Buda já com asco do sujeito que por duas vezes lhe chamara de gordo.
- Êpa!- Saltou Diógenes - Não teria sido outro a dizer estas palavras?
- Já vem esse chato com a sua memória histórica! - meditou Buda- Que estorvo!
Diógenes voltou o jato de luz para o rosto do sujeito que argüia o mestre. A luz foi minguando, minguando até se apagar.
- É a segunda pilha de hoje! - Berrou o filósofo - Onde vou parar se tiver que comprar duas pilhas por dia?
-Não importam as pilhas, ó filósofo, mas o caminho que tomas para o super mercado.- Meditou Buda em voz alta ( se isso é possível).
- Já tentou as Amarelinhas? - Perguntou o sujeito que tomava a quarta cachaça. Diógenes deitou a cabeça sobre a mesa e chorou desesperadamente por ter perdido tanto tempo e tantas pilhas. E não encontrara um só Homem! Buda passou um rabo de olho para o inconsolável filósofo e meditou:
- Sei não.... -Platão continuava olhando para as sombras na parede:
- Esse aí nunca me enganou!
- O sujeito que tomava a quinta cachaça olhou para a porta e exclamou:
- Hiiii! Olha quem tá chegando! O Heráclito!- Ninguém deu muita importância. Podia ser uma ilusão sensorial. Afinal, o sujeito já estava bêbado.

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