quarta-feira, setembro 15, 2004

UM LUGAR NOVO

A Bia me convenceu. Tenho feito pequenas caminhadas de 15 minutos todas as manhãs, (quase todas) mais uma série de 3 posições yOga - que não coloco aquele acento circunflexo nem empurrada de pistola!- alongamentos, o grande movimento Tai chi e três respirações purificadoras. Tá bom, não tá? Ah! E para esquentar faço cinco minutos de bicicleta naquela tensão mínima. Parece que estou descendo morro pedalando.:) Para completar os 30 minutos dedicados ao condicionamento físico, faço três minutos de meditação, em posição de meio/lótus. Para quem, há dois anos meio, a única parte do copo que se movimenta são os dedos, ( no teclado, cabeça podre!) tá bom não tá? Então.

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Aí eu fico me lembrando do tempo em que a gente estendia a rede de um lado a outro da rua, nos finais dos dias, e jogava vôlei ou peteca, aos berros, suados, descalços, felizes. As portas das nossas casas abertas, a sede, posso tomar um pouco d’água? vai lá, não entra ninguém não, ainda é a minha vez!Ô mãe, tem suco de laranja aí? Meus Deus! Parece tão longe! Como se nunca tivesse existido. Na primavera, o cheiro do jasmim do vizinho incomodava, enchia a rua e hoje entra pelas frestas das portas fechadas. Só o perfume dos jasmins.

Não faz tanto tempo assim. Cinco anos, um pouco mais, talvez. Mas o espaço entre aquelas tardes e hoje é o tempo. O tempo palpável, seco e duro. Um pedaço de alguma coisa deslocada, como cacos de um espelho, como um resto de madeira de construção que você não sabe onde colocar. Um dia você acorda, olha pela janela e descobre que alguma coisa mudou. Você mudou. Mudou de lugar. O mundo que era um lugar bem confortável fica incômodo. Como uma sala de visitas estranha. Desconfortável. Chata. Vontade de ir embora e tendo que ficar. É certo que parece triste. Não é. É natural. A rua, outra rua qualquer, tem uma rede, portas abertas, vôlei, peteca e gente feliz ou que parece feliz. Mas vai passar também. Eu só preciso me acostumar a este lugar novo. Ou quem sabe, abrir uma porta e sair. Ou entrar. Há que ter um lugar para mim em neste novo tempo.

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