quarta-feira, maio 19, 2004

Depois de passar uns dois ou três dias suportando estoicamente a lentidão desta conexão discada, estranhamente hoje, agora de madrugada – são seis horas!- ligo o micro, desanimada e pim! Pa! Pum! Abriu a página! Abriu! Assim mesmo: pá, pum!
A felicidade pode ser uma conexão de 37333 kbs, quando a que você tinha antes era de 24. E infelicidade, o contrário.
Portanto, vou aproveitar o gozo desses minutos madrugais e postar uma coisinha aqui. Coisinha antiga, do velho Fricotes.

A INVENÇÃO DO GOL

Vocês podem pensar que esta é uma repetição porque já leram aqui mesmo a invenção do Futebol. Não é. Mesmo porque, a prévia existência do futebol, não quer dizer que existam os gols, assim sem mais nem menos. Haja vista as preliminares da seleção da Pátria amada...mas isso nem vem ao caso.

Quando aquele triste Bretão inventou o Futebol, à princípio não pensou em gols, mesmo porque não havia nada em seu temperamento que indicasse qualquer euforia e, como vocês sabem hoje, gol é sinônimo de alegria. Depois da primeira e malfadada partida – que detalhadamente já foi narrada neste espaço – ficou, além de escoriações, uma suspeita: - qual a finalidade daquele correria toda? Porque aqueles 44 homens ( porque eram 44!) disputavam tão heroicamente a bola, se quando conseguiam a sua posse não tinham o que fazer com ela?

Vocês podem conjeturar que isto ainda acontece freqüentemente, sobretudo quando vê o time do seu coração jogando, mas se agora você já sofre com este ínfimo detalhe, imagine antes, quando até mesmo o Ronaldinho, se existisse, em pegando a bola nada tinha a fazer com ela, porque não existia o gol! Alguns levavam às últimas conseqüências, e arriscando a própria vida, registravam em cartório a posse da bola, enquanto os bretões sanguinários urravam do lado de fora, exigindo que ela fosse devolvida. Outros, assim que conseguiam toma-la do adversário, comiam-na, crua mesmo, sem nenhum tempero, o que causou muita indigestão nos estômagos mais sensíveis, e indignação nas platéias, porque o jogo terminava sem se saber dos vencedores, já que a bola era fator indispensável, naquele tempo, para o patético esporte.

Daí a FIFA – esta sim, já existia antes mesmo do Futebol- inventou o gol. Dizem, a boca pequena, que foi o tal de Afelange e é de se acreditar, pela idade de ambos. Foram noites e noites de insônia atrás da solução para a esquisitice de um jogo que não dava em nada, a não ser em pancadaria, depois de 90 minutos de exaustão atrás de uma bola que ninguém podia comer (era muito indigesta) nem registrar a posse em cartório (era muita gritaria).

Enfim, numa bela manhã de agosto(porque agosto? E eu sei?) o presidente da FIFA acordou iluminado. Tinha uma vaga idéia do que fazer com a bola, tomada a posse. Haveria de ter um lugar para guardá-la por um tempo, talvez um barracão no fundo do campo, ou mesmo uma caixa de papelão, ou quem sabe, um saco de mercearia, ou uma sacola do EPA. Estava já se perdendo em devaneios quando surgiu um sujeito que, se não me falha a memória, tinha o estranho nome de Cacharrel e extasiado narrou para o Avelange o sonho que tivera.

-É gol!!! – Gritava ele- É gol!!
- Que é gol?!!
- A gente precisa de gol!
O presidente da Fifa suspirou:
-“É a primeira vez que vejo este filme, mas não sei porque, tenho certeza de que não vai ser a última...�

Cacharrel sonhara com todos os detalhes do gol, talvez ditado por algum anjo da falange dos torcedores, e vai daqui vai dali, montaram em três tempos o barraco no fundo do campo, aquelas duas traves com filó esticado, como véu de noiva! Foi a glória! Foi a melhor coisa que inventaram depois do futebol. Cacharrel, por ter tido tão brilhante idéia, foi colocado na portaria do gol onde permaneceu por muito tempo. Parece que o cargo era vitalício, não sei bem, porque não entendo de futebol. De lá ele só saiu depois dos cabelos, é o que dizem, portanto o cargo não é vitalício. Deve durar enquanto duram os cabelos no alto da cabeça.

Depois do futebol, o gol foi a maior invenção da humanidade, é a opinião da maioria. Particularmente continuo achando que a maior invenção ainda é o abridor de latas. Pense bem.

MORAL DA ESTÓRIA: Tudo se resolve quando se descobre o gol.

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