Ontem, o Pedro Bial esclareceu que o verso do Vinicius não é exatamente “as feias que me perdoem, mas beleza é fundamentalâ€� e sim, "as muito feias que me perdoem mas beleza é fundamentalâ€�. Delicado, o Vinicius. Com este superlativo salvou da depressão estética 90% das mulheres. Ou mais. Dependendo do conceito de beleza, as belas ocupariam um espaço tão Ãnfimo no mundo que as feias não perdoariam e, num exército muito feio, já teriam esfolado todos os idiotas que repetem o que virou jargão. Já as muito feias, que Deus me perdoe, não enchem um campo de futebol de várzea. As muito feias são tão poucas, mas tão poucas, que ninguém vê de fato. Quantas vezes você já disse na vida “minha Nossa Senhora! Que mulher horrorosa!â€�? Então. Na “Receita de Mulherâ€� cabem todas as mulheres que lêem Vinicius, exceto as muito feias que sequer existem de fato.
Atrelando meu cavalinho xucro na observação do Bial, há uma coisa que sempre me incomodou: o verso do Soneto da Fidelidade que mais ou menos todo mundo usa para dizer que a paixão é efêmera. Já ouvi muita gente repetindo “que seja eterno enquanto dureâ€�. Ouvindo pela primeira vez, pensei cá com a minha velha arrogância: “esse negócio ta errado... Vinicius não diria uma coisa tão idiota...tem trem aÃ.â€� E, é claro, tinha. Os versos são:
“...eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.�
Infinito não tem relação com tempo. Tem relação com espaço. Eterno só tem relação como o tempo. Vinicius não quis o amor imortal, mas infinito.Enooorme! Grandioso. Imenso. Sem medidas. Sem limites. Mas mortal, mortal, mortal. Se assim não fosse como poderia amar infinitamente a tantas mulheres numa vida só?
2 comentários:
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Parabéns
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