PORQUE SIM
Um dia, ele me perguntou o que eu queria ser se pudesse escolher. Não pensei muito.
-Uma caminhonete. – Ele riu muito. Todos os namorados acham uma graça danada nas namoradas, não sei porquê.
-Não podia ser um Iate? Um Jumbo? Tem que ser uma caminhonete?
-Não uma caminhonete qualquer. Uma Studbacker.
Silenciamos. Ele possivelmente pensando na prova de Biologia do dia seguinte, sem ousar fazer a pergunta que me irritava, aquela pergunta idiota que as pessoas fazem quando não têm nada mais para falar. Eu me preparando silenciosamente, com a resposta pronta, como uma agulha de injeção, aquela gotinha na ponta, trágica. Poderia ficar assim por dias inteiros, enquanto ele não me fizesse a tal pergunta. Como eu era cruel nos meus 17 anos! Enfim, ele não suportou:
-Porquê?
E eu sem tirar os olhos daquele ponto além de tudo, onde não havia nada:
-Porque sim.
-Era o que eu temia...
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