sexta-feira, fevereiro 27, 2004

UM DIA VOCÊ SE ESTREPA

Um dia você se estrepa. A maioria se estrepa. Homens ou mulheres, porque na grande maioria um homem se casa com uma mulher e vice-versa (as exceções não vêm ao caso). Até que a morte os separe, ou o tédio, desamor, cansaço. A morte mesmo, em alguns casos porque há homens e mulheres tão chatos que exasperam o parceiro até o suicídio ou assassinato. Não é à toa que vez ou outra casais são encontrados mortos misteriosamente. Ninguém nunca vai saber quem matou quem, mas o motivo é bastante presumível: nenhum dos dois agüentava mais. Sem levar em consideração tais extremos, vejamos do que é feito um casamento normal:

1) Vocês são obrigados a dormir todas as noites juntos numa cama cujas dimensões daria para acomodar apenas uma pessoa e meia. Pela lógica uma cama de casal teria que ter, no mínimo, 2 metros de largura, contando o espaço necessário para se mover, com uma certa liberdade, os dedos das mãos. E está padronizado: cama de casal mede 1,40cm. Quando solteiro você ocupava sozinho uma cama de 90cm de largura. De duas uma: ou você encolheu com o casamento ( o cérebro, pelo menos) ou isto é uma evidência de que você começou a perder seu espaço. Mais ou menos 20 cm e, isto, nos primeiros meses, porque com o decorrer do tempo a primeira coisa que vocês vão fazer é engordar. Dormir um sobre o outro seria a solução, mas nessas alturas o que vocês mais querem é distância. Mas não vão ter. Estão condenados a ocupar 1,40cm de espaço da pior maneira possível. Nada me tira da cabeça que o sujeito que inventou a cama de casal tinha uma intenção diabólica: fazer você entender que daqui pra frente você não é mais uma pessoa: você é meia pessoa, e isto é só o começo.

2) Se você é a mulher desta história, Deus tenha piedade da sua alma! Acaba de cair para a categoria de incapaz, débil mental e deficiente. Você vai ter a nítida impressão de que o seu Q.I. não passa de 60. _�Com essa roupa você não sai� –“quem é o sujeito que estava falando com você no ponto do ônibus?� –“O que é que você faz com o dinheiro que eu te dou?� Esse batom não lhe fica bem...� De repente você, que era uma mulher razoavelmente inteligente, escolhia suas próprias roupas, driblava um salário mesquinho com a maior categoria, passa à condição de incapaz de decidir que roupa vai colocar no seu próprio corpo! Você, de agora em diante está proibida de raciocinar e escolher. Aliás, ele não sabe como você conseguiu sobreviver tanto tempo sem a fantástica assessoria dele.

3) Se você é o homem da história, acabou-se. Nada de chopes no fim do expediente, nada de ir e vir onde quiser e bem entender, nada de nada. Você pode não ter percebido ainda, mas está morto. Você pode achar um exagero, mas que está, está! Ainda que seu esquife seja lindo e dourado continua sendo um esquife. Experimente chegar em casa depois das 10! Tente viajar no feriado...sozinho! Vá pescar com os amigos na semana santa! Pode até ser que você continue fazendo essas coisas, isto é, usando o elementar direito de ir e vir que você tinha desde que alcançou a maioridade. Mas a sua vida vai virar um inferno!

4) Com o passar dos anos (pode ser meses, dias, isso vai depender muito da sua capacidade de tolerância) nada disso vai ter mais importância. Você estará absolutamente infeliz e resignado, certo de que a vida é essa mesmo, todo mundo vive desse jeito, e pode até ser (pasme!) que você se sinta até meio feliz. Afinal você tem uma mulher ma-ra-vi-lho-sa, filhos saudáveis e inteligentes, uma vida tranqüila. Que mais você pode querer? Nada, se você chegou a este ponto.

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